
A doutrinação de esquerda nas escolas e a ironia como refúgio dos oprimidos*
Ninguém me tira da cabeça que o maior e mais urgente problema brasileiro é a doutrinação esquerdista nas escolas. Sábado cedo, quando minha campainha tocou, atendi acreditando serem as Testemunhas de Jeová, mas tive que ouvir, por vários minutos, dois garotos querendo me apresentar Engels e Marx, recitando trechos do Manifesto Comunista. Mais tarde, comentei a respeito com meu vizinho, que, prostrado, disse também não saber mais o que fazer: por influência da escola, seu filho já estava usando um chaveiro com a foice e o martelo na mochila. Preferia que fosse mentira, mas é cada vez maior o número de alunos que não vai embora quando “toca o sinal” ao fim do período letivo. Jovens que poderiam estar em casa, na web, aprendendo a verdade com intelectuais da estirpe de Olavo de Carvalho, agora preferem lotar as salas de reunião dos movimentos estudantis.
Lá atrás, em 2002, quando o Partido dos Trabalhadores venceu sua primeira eleição, a gente já devia ter se tocado que a escola ia ter partido. Deixamos uma geração inteira na mão dos doutrinadores, desde a pré-escola até a universidade. Por 13 anos os governos petistas cooptaram crianças e jovens com os ideais comunistas, focados na implantação de uma ditadura das minorias e na destruição dos valores tradicionais, da família e da sociedade brasileira.
Eu soube, por exemplo, que na Educação Infantil, as pedagogas, leitoras costumeiras de Paulo Freire, abandonaram a alfabetização tradicional e adotaram métodos “globalistas”, “textuais”. Nos conteúdos desses “textos sociais”, claro, aproveitaram para inculcar as crianças com a maldita ideologia de gênero. É muito sério: essas ditas educadoras sugerem que as crianças vistam qualquer cor e divirtam-se com qualquer brinquedo, como se não devêssemos deixar claro o que é devido aos homens e o que se destina às mulheres. As mamadeiras fálicas e os kits didáticos, que incitam à homossexualidade, são só a ponta do iceberg. Aliás, se não estivéssemos sempre de olho no whatsapp, jamais descobriríamos.
Mas é nas mãos sujas dos professores do ensino fundamental que o sonho de um país educado vira pesadelo. Você não vai acreditar, mas eles estão apresentando métodos contraceptivos para adolescentes, exibindo imagens pornográficas de pênis e vaginas em materiais didáticos. Ainda em ciências, querem que os meninos acreditem que o planeta é esférico e que toda a diversidade de espécies vivas evoluiu de um ancestral comum, disparates que não passam de teorias e que afastam os jovens da sensatez e da espiritualidade. Em Educação Física, meu Deus, passou a ser comum ver garotos dançando e meninas jogando bola. Os treinadores de antigamente agora erotizam os alunos com um papo de que o corpo é expressivo. No mesmo momento, professores de História reescrevem o Brasil, obrigando nossos filhos a reconhecer a representatividade e o protagonismo da cultura afrodescendente, sabidamente marginal. Em Arte, pasmem, estudam esculturas e pinturas de corpos nus, produzidos por pervertidos como o Botero ou Picasso, e chegam ao cúmulo da profanação moral ao representar obras como a Vênus, de Botticelli. Até no Ensino Religioso, por conta de uma tal pluralidade, agora fazem nossos filhos conhecer outros deuses, outros ritos, outras representações da criação do homem e do universo. Como foi deixamos isso acontecer, gente? Pensem no absurdo!
Está mais do que na hora do brasileiro saber que os verdadeiros inimigos da nação são os professores. Trata-se de um exército de 2,5 milhões de canalhas, só na educação básica. Todos vermelhos, claro. Todos muito bem formados em cursos de Pedagogia ou Licenciatura, dependendo do nível e área em que se prepararam para manipular jovens indefesos. Seus sindicatos criam uma cortina de fumaça com reclames salariais e por melhores condições laborais, mas se eles não gostassem do que fazem, arrumariam outro emprego — não é mesmo? Eles gostam, e muito! Boa parte deles ensina em mais de duas instituições, para classes lotadas, que é para potencializar o alcance da doutrinação. Não sabem nada de inglês, mas são fluentes no espanhol bolivariano e no russo comunista. A maioria nem constituiu família e, quando não estão em sala, reúnem-se nas infindáveis formações continuadas oferecidas pelo movimento esquerdista amotinado nas universidades. Para piorar, não estão sozinhos em seu projeto de implantação de uma ditadura socialista no Brasil: no poderoso mercado editorial brasileiro só tem lugar para as empresas alinhadas a esse ideário. O Estado gasta mais de 1 bilhão de reais anuais no Plano Nacional do Livro Didático (um dos maiores programas de compra e distribuição de livros do mundo), para adquirir materiais que não passam de cartilhas do regime travestidas de cultura escolar. Enquanto isso, todo os anos, o Ministério da Educação reprova livros em desacordo com os direitos humanos, acreditam? Aquele papinho de direitos humanos, de novo, a nos embrulhar o estômago.
O duro é que nem no Ensino Médio cessa o plano de dominação juvenil pelo marxismo cultural. Pelo contrário: quando chega a hora de preparar o jovem para o mundo que construímos para eles, de treiná-los para trabalhar, esses esquerdistas enfiam as Ciências Humanas no currículo e convidam a juventude a escolher por si mesma o mundo que deseja. Os ordinários voltaram a ensinar Filosofia e Sociologia, roubando o espaço do que seria mais urgente e coerente, como a moral cívica ou o empreendedorismo. Sei lá, devem acreditar que vão sustentar a família com ciranda e miçanga.

Eu já estou convencido, mas convido você a fazer seu próprio teste: reúna uma molecada em idade escolar e os peça para falar sobre os bolcheviques. Pergunte a eles a data de nascimento de Lênin. Peça que façam uma crítica às relações de trabalho na perspectiva gramsciana. É incrível: eles sabem tudo a respeito! Eles arrebentam naquele ENEM esquerdista que só trata de besteiras como feminicídio, racismo e fake news. Eles jamais confundiriam Hegel com Engels, como nós costumamos fazer. Se quiser se divertir, minta para eles e diga que fez intercâmbio em Cuba: seus olhos vão brilhar! Quem sabe, até te convidem para jogar online a versão guerrilheira de Call of Duty.
Quando penso em tudo isso, dou graças à Deus ter cabulado muita aula e não ter dado ouvidos a nada do que os professores diziam em sala. Aliás, cidadão de bem que se preza é assim: não estuda, para não correr o risco de ser doutrinado.
O que nos salvou de continuarmos como uma ditadura comunista só pode ter sido um milagre eleitoral.
Quanta ironia, não?
* A expressão “refúgio dos oprimidos” é uma menção carinhosa ao pensamento inspirador de Millôr Fernandes, que em célebre frase, provocou a escrita deste texto: “O último refúgio do oprimido é a ironia, e nenhum tirano, por mais violento que seja, escapa dela. O tirano pode evitar uma fotografia, mas não pode impedir uma caricatura. A mordaça aumenta a mordacidade”.